O desafio de viver a CASTIDADE
"A juventude não foi feita para o prazer, mas para o desafio"
(Paul Claudel)
Dentre os inúmeros desafios que circundam a vida de um jovem está a luta
pela pureza e castidade. A prática dessa virtude tão querida por Deus não é
uma tarefa fácil, principalmente neste mundo globalizado em que nós jovens
estamos inseridos atualmente.
Vivemos uma realidade tão dura e amarga que é fácil notar o anseio das
pessoas por um pouco de alegria, mesmo a mais passageira e momentânea. No
entanto é neste momento em que o demônio utiliza de sua perspicácia para
seduzir os seres humanos com prazeres os mundanos. É comum encontrar frases de
efeito como: "Faça amor, não faça guerra", nas redes sociais, e em
meio a tantos dissabores do dia a dia, para muitas pessoas, parece até justo
aceitar essa proposta de "felicidade".
Porém, o próprio Jesus desmonta as falácias disseminadas pelo mundo e
nos ensina qual é de fato a felicidade por excelência: "Felizes os pobres
de espírito, porque deles é o reino dos céus. Felizes os aflitos, porque serão
consolados. Felizes os mansos, porque possuirão a terra. Felizes os que são
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Felizes os que tem fome e sede
de justiça, porque serão saciados. Felizes os puros de coração porque verão a
Deus..." (Mt 5, 3-10). Essas palavras de Jesus anunciam a verdadeira
felicidade porque proclamam a libertação, não a conformismo e alienação do ser
humano. Como diria o Padre Paulo Ricardo o jovem deve buscar uma felicidade que
não se acabe após uma noite de sábado.
As bem-aventuranças são como um manual para nossa felicidade, e nós
iremos dar precedência a sexta: Felizes os puros de coração. Neste mundo
secularizado onde perdeu-se totalmente o sentido do pecado, podemos nos
interrogar: “É pecado a impureza?”. Porém, resposta só possuirá um valor real e
sobrenatural para aqueles que acreditam na divindade de Jesus. A impureza é um
dos problemas mais difíceis que a Igreja enfrenta com os fiéis, perante um
mundo pagão que perde a cada dia a capacidade de julgar o que é certo.
Nós sabemos que a virtude rainha da fé cristã é a caridade: amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo por amor de Deus. O catecismo nos ensina que
a pureza é aquela virtude que prepara e dispõe o coração do homem para amar o
próximo como ele deve ser amado. É ela que regula o comportamento do homem em
relação a sua vida sexual e tudo que se relaciona a ela.
Nos nossos dias a pureza é uma virtude muito pouco conhecida e muitas
vezes até ultrajada e ridicularizada. Muitos jovens cristãos são motivo de
piada nos lugares em que frequentam, como faculdade, grupos de amigos e até
mesmo dentro do seu âmbito familiar, simplesmente por terem feito a opção pela
virtude da pureza. O mundo nos enxerga com olhos de pena e depreciação. Como se
aqueles que buscam viver a castidade fossem criaturas alienadas, que não curtem
a vida da melhor maneira, que é escravizado pela religião que professa e seus
preceitos ultrapassados. Porém, a realidade é totalmente contrária. O catecismo
nos ensina que a sexualidade afeta todos os aspectos da pessoa humana, em sua
unidade de corpo e alma, por este motivo é preciso vive-la de maneira sóbria.
Nós não somos escravizados pela pureza, mas pelo pecado sim. Quantos
jovens são escravos da bebida vivem de festa em festa tentando inutilmente dar
sentido as suas vidas deprimentes? Quantos se drogam para fugir de suas
realidades fúteis? Quantas pessoas são escravas do sexo e vivem a mendigar o
amor de um homem ou de uma mulher qualquer? A astúcia do mundo tende a nos
acusar do que ele é.
Não é uma opinião pessoal muito menos uma invenção da Igreja, a impureza
consentida pode levar à condenação eterna. Já a pureza, pelo contrário, é um
ideal altíssimo e um meio essencial de santificação. “Não há lei áurea que
liberte os escravos da carne” (Neimar de Barros).
O que determina a pureza é a finalidade pela qual alguém conserva-se
puro, que neste caso dever ser o amor a Jesus, com o objetivo de conseguir o
céu. Nós podemos nos perguntar: “Por que Jesus diz ‘bem aventurados os puros de
coração’ e não ‘bem aventurados os puros de corpo’? Com esta expressão Jesus
quer indicar que é necessária uma pureza total e completa de corpo e alma. O
catecismo da Igreja nos diz que a castidade é uma virtude moral sendo um dom e
uma graça espiritual dada por Deus. E o nosso coração é a sede da nossa
personalidade moral e é dele que provém tudo aquilo que somos: “Com efeito, é
de dentro do coração do homem que saem as interrogações malignas:
prostituições, roubos, assassínios, adultérios, ambições desmedidas, maldade,
malícias, devassidão, inveja, difamação, arrogância, insensatez. Todas essas
coisas saem de dentro do homem e o tornam impuro”.
Devemos nos esforçar para atingir o grau mais alto possível de pureza.
Para que alcancemos possuir a bem-aventurança prometida por Jesus, aquela que é
o nosso maior objetivo sobre a terra, ver Deus, não somente na manifestação da
criação, mas sobretudo face a face.
O nosso corpo, e de fato toda pessoa humana, não é exclusiva propriedade
do homem. É na verdade um empréstimo que nos foi dado por Deus para que façamos
uso segundo determinadas leis delineadas nos dez mandamentos. É um capital que cada
homem deve se esforçar para administrar bem nesta vida.
A relação sexual é lícita somente ao marido e a esposa validamente
casados. Não sendo lícito a outras pessoas, inclusive a namorados e noivos. Por este motivo pecado impuro fere a dignidade do homem. Já castidade
mantém a integridade e as forças vitais e de amor presentes no ser humano.
Para aquelas pessoas que não encontraram a centralidade do amor de Deus
na religião cristã, fica difícil entender porque não pecar contra a castidade.
Bento XVI nos alertou para não deixarmos que o cristianismo transpareça como um
código de conduta moral que só serve para nos proibir e dizer o que não devemos
fazer, mas sim como um encontro real e profundo com Deus o que nos faz desejar
viver a sua vontade livremente.
Para conseguirmos viver a castidade, é preciso entender o valor precioso
da pureza: Uma pessoa verdadeiramente pura, distingue-se logo das outras, de
tal pessoa emana algo indescritível de serenidade interior que transparece no
exterior. É preciso tratar a pureza como uma pérola preciosa.
É preciso
fugir das ocasiões de pecado. São Felipi Neri dizia que na luta contra a
impureza só vencem os covardes, ou seja, aqueles que fogem. É preciso ser
decidido de maneira absoluta, tentar viver a pureza a cada segundo de nossas
vidas, ao contrário de se consolar com pensamentos do tipo: “depois eu me
confesso, depois eu tento” ou você começa agora com uma decisão firme. É preciso
evitar a preguiça, o ócio é um momento oportuno para sermos assaltados pelo
demônio e pelos pensamentos impuros. Outro meio eficaz que auxilia a guarda da
nossa pureza é a mortificação das próprias vontades.
Existem também alguns meios
sobrenaturais para a castidade: Um deles é a oração que é um constante
sentimento de amor que alimentamos por Deus. A devoção à virgem Maria é também
um método muito eficaz, ela que é o modelo de castidade. Outro método
riquíssimo é o uso frequente dos sacramentos, principalmente o da eucaristia,
São Felipi Neri dizia que aos vinte anos de idade nada além da eucaristia pode
manter um coração puro, a castidade não é possível sem a eucaristia.
REFERÊNCIAS:
MACHIORO, Pe. Raimondo. A pureza por causa do reino dos céus. 1ª. ed. Anápoles: Imprimatur, 2000.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1997.
20 anos, estudante de Psicologia na Universidade Federal de Alagoas, TLCista e consagrada a Nossa Senhora de Guadalupe.
Escreva um comentário